A industrialização dos retardatários nas visões de Furtado e Amsdem: convergências, divergências e complementaridades

Autores

  • Águida Cristina Santos Almeida Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Palavras-chave:

Industrialização tardia, subdesenvolvimento, países do “resto”.

Resumo

A reflexão acerca da industrialização dos países periféricos retardatários, à luz das análises desenvolvidas por Furtado e por Amsdem, permite uma série de conclusões de grande importância, no tocante à trajetória de desenvolvimento destas economias. Por exemplo, evidencia que um processo de industrialização que não culmina na endogeneização do progresso técnico, que não gabarita um país a saltar de uma posição de comprador de tecnologia externa para uma posição em que possa produzir tecnologia autóctone e gerar inovações próprias, não levará ao resultado final proposto pela industrialização, ou seja, a uma melhora relativa do país no sistema-mundo, em sua capacidade de se apropriar de riqueza e disputar poder. Portanto, para galgar posições na disputa interestatal, muitas condições se fazem necessárias. De maneira geral, são as condições de caráter histórico-estrutural e as de ordem geopolítica as mais determinantes nos padrões de desenvolvimento assumidos dentre as diversas nações. Neste sentido, a América Latina que, do pós-II Guerra Mundial até os anos 1970, gozava de vantagem em relação aos países asiáticos, em termos da participação das manufaturas no PIB, sofre um brutal processo de reversão a partir dos anos 1980, perdendo de forma contínua e crescente competitividade econômica frente a estes países. Assim, o atraso da América Latina frente à periferia asiática vem se aprofundando ao longo do tempo e colocando em profunda ameaça às escassas possibilidades de catch up dos países latino-americanos industrializados.

Biografia do Autor

Águida Cristina Santos Almeida, Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Sou professora assistente da Universidade Federal de Campina -UFCG e estou afastada cursando doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro -UFRJ, no Instituto de Economia, no Programa de Pós-graduação em Economia-PPGE.

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Publicado

03.05.2016