O capital como "antivalor": considerações sobre a mercadoria-capital e o fetiche-perfeito

Autores

  • Patrick Rodrigues Andrade Professor do Departamento de Economia – FEA/ Pontifícia Universidade de São Paulo (PUCSP)
  • Rosa Maria Marques Departamento de Economia e Programa de Estudos Pós-Graduados em Economia Política da Pontifícia Universidade de São Paulo (PUCSP).

Palavras-chave:

Karl Marx (1818–1883), teoria do valor, fetichismo, capital fictício

Resumo

Ao apresentar a categoria de capital portador de juros, Marx afirma ser essa "modalidade" de capital a forma mais fetichizada do capital, o que abre a interpretação de que todas as formas assumidas pelo capital apresentam determinações fetichistas. O artigo desenvolve a ideia de que o capital fictício, entendido como fetiche “mais que perfeito”, se constitui como um antivalor, dada a sua completa autonomização frente à oposição capital-trabalho. Esse entendimento decorre da compreensão do fetichismo das formas valor e preço, que coloca a possibilidade do capital portador de juros se reproduzir sem a necessária exploração da força de trabalho.

Biografia do Autor

Rosa Maria Marques, Departamento de Economia e Programa de Estudos Pós-Graduados em Economia Política da Pontifícia Universidade de São Paulo (PUCSP).

Professora titular do Departamento de Economia e do Programa de Estudos Pós-Graduados em Economia Política da Pontifícia Universidade de São Paulo (PUCSP).

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Publicado

22.05.2017