Acumulação primitiva na Amazônia brasileira:

uma análise das visões da teoria da fronteira

Autores

  • Cleidianne Novais Sousa Crispim Universidade Federal do Pará
  • Sebastião Novais Sousa Crispim Universidade Federal do Pará

DOI:

https://doi.org/10.69585/2595-6892.2025.1174

Palavras-chave:

acumulação primitiva, fronteira, Amazônia brasileira, expansão capitalista

Resumo

O objetivo deste artigo é investigar a contribuição oferecida por Otávio
Guilherme Velho, José de Souza Martins, João Pacheco de Oliveira e Bertha
K. Becker sobre o tema da fronteira enquanto abordagem de análise
da formação socioeconômica, histórica e geográfica da Amazônia brasileira
e demostrar a influência da noção de continuidade da acumulação
primitiva sobre estas contribuições. A partir do método de estudo comparativo,
buscamos ressaltar o que há de específico e peculiar a cada uma
delas, mas, sobretudo, queremos entender as proximidades e semelhanças
entre tais perspectivas. A partir da fronteira como temática principal,
os subtemas que se sobressaem nesta investigação sobre uma parte da
história do pensamento da Amazônia como fronteira são a reprodução
do campesinato, o papel do Estado, a coexistência de diferentes relações
sociais, a carência de condições para o pleno desenvolvimento capitalista
e a dupla natureza, tanto agrária quanto urbana, da fronteira, assuntos
de profunda relevância para uma leitura mais robusta sobre a complexa
realidade social na Amazônia e sua especificidade histórica, geográfica e
econômica em sua articulação com a expansão capitalista.

Biografia do Autor

Cleidianne Novais Sousa Crispim, Universidade Federal do Pará

Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade da Amazônia (2007), Mestre em Economia (2010) e Doutora em Economia (2020) pelo Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal do Pará (PPGE-UFPA). É Professora Adjunta III da Faculdade de Ciências Econômicas do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Pará (FACECON/ICSA-UFPA). Trabalha com pesquisas na área de Economia Marxista, História Econômica Regional, Economia Amazônica, Economia do Trabalho, Economia Regional e Urbana e Desenvolvimento Econômico Regional. Tem experiência de pesquisa em Economia Política Marxista e História Econômica e Social da Amazônia, atuando, em especial, nos seguintes temas: trabalho formal e informal, flexibilização, terceirização e precarização do trabalho, acumulação capitalista, formação econômico-social da Amazônia, história econômica, as durações dos tempos históricos de Fernand Braudel e dinâmica agrária regional. Coordena o Projeto de Pesquisa "Reforma" Agrária e Mercado de Terras no Século XXI: Uma Análise do PNRA no Sudeste Paraense na FACECON/ICSA-UFPA. É membro dos grupos de pesquisa Dinâmica Agrária e Desenvolvimento Sustentável na Amazônia - DADESA (UFPA) e Mutirão - economia, cultura e epistemologias dos comuns (UFNT).

Sebastião Novais Sousa Crispim, Universidade Federal do Pará

Doutorando do curso de Desenvolvimento Sustentável do Tropico Úmido (PPDSTU/NAEA/UFPA), Mestre em Economia pelo Programa de Pós-graduação em Economia (PPGE/UFPA), Especialista em História Agrária na Amazônia Contemporânea (UFPA) e Bacharel em Economia pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Experiências de pesquisas nas áreas de Economia com ênfase em Economia Institucional, Economia do Trabalho, Economia Agrária e Desenvolvimento Regional e Urbano. Atuando principalmente nos temas: Mercado de Trabalho Rural e Urbano, Emprego e Renda, Desenvolvimento Agrário na Amazônia e História Agrária da Amazônia

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Publicado

05.09.2025