Acumulação primitiva na Amazônia brasileira:
uma análise das visões da teoria da fronteira
DOI:
https://doi.org/10.69585/2595-6892.2025.1174Palavras-chave:
acumulação primitiva, fronteira, Amazônia brasileira, expansão capitalistaResumo
O objetivo deste artigo é investigar a contribuição oferecida por Otávio
Guilherme Velho, José de Souza Martins, João Pacheco de Oliveira e Bertha
K. Becker sobre o tema da fronteira enquanto abordagem de análise
da formação socioeconômica, histórica e geográfica da Amazônia brasileira
e demostrar a influência da noção de continuidade da acumulação
primitiva sobre estas contribuições. A partir do método de estudo comparativo,
buscamos ressaltar o que há de específico e peculiar a cada uma
delas, mas, sobretudo, queremos entender as proximidades e semelhanças
entre tais perspectivas. A partir da fronteira como temática principal,
os subtemas que se sobressaem nesta investigação sobre uma parte da
história do pensamento da Amazônia como fronteira são a reprodução
do campesinato, o papel do Estado, a coexistência de diferentes relações
sociais, a carência de condições para o pleno desenvolvimento capitalista
e a dupla natureza, tanto agrária quanto urbana, da fronteira, assuntos
de profunda relevância para uma leitura mais robusta sobre a complexa
realidade social na Amazônia e sua especificidade histórica, geográfica e
econômica em sua articulação com a expansão capitalista.
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