Concertação global do capital transnacional e o novo imperialismo:

um olhar sobre as geoestratégias ambientais na virada do milênio

Autores

  • Laís Benevenuto de Azevedo
  • Marisa Silva Amaral 34992620772

Palavras-chave:

Amazônia, imperialismo, conservacionismo, financeirização, geoestratégias ambientais

Resumo

Atualmente, a Amazônia brasileira se apresenta como uma das mais importantes
fontes de riqueza de uma economia mundial essencialmente
especulativa e em franco escasseamento progressivo de recursos. Dado
o contexto financeirizado e alicerçado na acumulação por despossessão
que marca o sistema capitalista já há algumas décadas, a região torna-se
cenário tanto da intensificação da exploração direta quanto da implementação
de um conservacionismo ambiental alinhado aos interesses imperialistas,
os quais compreendem também o processo de saque violento
do território. Neste artigo investigamos dois movimentos aparentemente
opostos, porém complementares, de captura de excedentes baseada na
acumulação por despossessão: a) a busca impetuosa – por meio de grandes
ONGs conservacionistas internacionais e de inúmeros acordos multilaterais
– pela conservação de recursos enquanto reservas biológicas de
valor futuro; e b) o recrudescimento da exploração intensiva e extensiva
da terra, dos recursos naturais, e, logo, do trabalho. Busca-se demonstrar
que, a partir dessa combinação, abre-se espaço, numa economia marcada
pela dependência como a nossa, para a investida irrefreada da concertação
transnacional em torno do agronegócio sobre a Amazônia, sobre os
direitos indígenas, quilombolas e campesinos, sobre as possibilidades de
preservação da vida e sobre a classe trabalhadora como um todo.

Referências

BARRETO, Pedro. Rio-92: mundo desperta para o meio ambiente. Desafios do Desenvolvimento.

Brasília: Ipea, v. 56, n. 7, p. 82-83, 2009. https://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_con

tent&view=article&id=2306:edicao-no-56&catid=1&Itemid=5

BRASIL. Decreto Legislativo n.º 2, de 4 de fevereiro de 1994. Aprova o texto da Convenção sobre

Diversidade Biológica, assinada durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente

e Desenvolvimento realizada na cidade do Rio de Janeiro, no período de 5 a 14 de junho de 1992.

Convenção Sobre Diversidade Biológica – CDB. 25 ed. Brasília, 4 fev., 1994. https://antigo.mma.gov.

br/component/k2/item/7513-convencao-sobre-diversidade-biologica-cdb.html

BRASIL. Lei n.} 12.651, de 25 de maio de 2012: Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera

as Leis n.ºs 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de

dezembro de 2006; revoga as Leis n.ºs 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril

de 1989, e a Medida Provisória n.º 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências.

Brasília, Distrito Federal, 25 mai., 2012. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/

lei/l12651.htm

CAMELY, Nazira. Imperialismo, ambientalismo e ONGs na Amazônia. 1 ed. Rio de Janeiro:

Consequência, 2018.

DELGADO, Guilherme Costa. Questão Agrária no Brasil:1950-2003. In: JACCOUD, Luciana (org.).

Questão social e políticas sociais no Brasil contemporâneo. 1. ed. Brasília: Ipea, v. 1, p. 51-90, 2005.

DELGADO, Guilherme Costa. Do capital financeiro na agricultura à economia do agronegócio: mudanças

cíclicas em meio século (1965-2012). 1 ed. Porto Alegre: UFRGS Editora, 2012.

GILL, Stephen; LAW, David. Global Hegemony and the Structural Power of Capital. International

Studies Quarterly, v. 33, n. 4, p. 475-499, 1989. https://doi.org/10.2307/2600523

GOWAN, Peter. A Roleta Global. Tradução de Regina Bhering. Rio de Janeiro: Editora Record, 2003.

HARVEY, David. O Novo Imperialismo. Tradução de Adail Sobral e Maria Stela Gonçalves. 2 ed. São

Paulo: Edições Loyola, 2004.

LEAL, Aluízio Lins. Uma sinopse histórica da Amazônia. In: TRINDADE, José R.; MARQUES, Gilberto

(Org.). Revista de Estudos Paraenses, Edição Especial. Belém: Idesp, 2010.

MALHEIRO, Bruno; PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter; MICHELOTTI, Fernando. Horizontes

Amazônicos: para repensar o Brasil e o mundo. 1 ed. São Paulo: Expressão Popular; Fundação Rosa

Luxemburgo, 2021. https://doi.org/10.5752/P.2318-2962.2020v30n60p74-98

MARINI, Ruy Mauro. Dialéctica de la Dependencia. 5 ed. México: Era, 1981.

MARQUES, Gilberto. Amazônia: Riqueza, Degradação e Saque. 1 ed. São Paulo: Expressão

Popular, 2019.

MATERIAL FLOWS. Global trends of material use, 2024. https://www.materialflows.net/globaltrends-

of-material-use/

MATERIAL FLOWS. Material stocks: destination and source of raw materials. Destination and source

of raw materials, 2024. https://www.materialflows.net/material-stocks/Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Convenção sobre Diversidade Biológica, 2024. https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/biodiversidade-e-ecossistemas/convencao-sobre-diversidade-biologica

MOREIRA, Gilvander. Marco temporal: terra para os povos indígenas ou para o agronegócio

devastador? Brasil de Fato, set., 2021. https://www.brasildefato.com.br/colunista/frei-gilvander-moreira/2021/09/01/marco-temporal-terra-para-os-povos-indigenas-ou-para-o-agronegocio-devastador/

MURER, Beatriz Moraes; FUTADA, Silvia de Melo. Instituto Socioambiental. Unidades de

Conservação no Brasil: painel de dados. Painel de Dados. 2024. https://uc.socioambiental.org/pt-br/

paineldedados#ambiente

PAULANI, Leda Maria. A Inserção da Economia Brasileira no Cenário Mundial: uma reflexão sobre

a situação atual à luz da história. Ipea - Boletim de Economia e Política Internacional, [s. l], v. 10, n. 10,

p. 89-103, abr., 2012.

PINTO, Luís Fernando Guedes et al. Quem são ospoucos donos das terras agrícolas no Brasil: o

mapa da desigualdade. Sustentabilidade em Debate, n. 10. Piracicaba: Imaflora, 2020.

POMPEIA, Caio. Formação Política do Agronegócio. 2018. Tese de Doutorado em Antropologia Social,

Unicamp. Campinas, 2018.

POMPEIA, Caio. Concertação e Poder: o agronegócio como fenômeno político no Brasil. Revista

Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 35, n. 104, p. 1-17, 2020. https://doi.org/10.1590/3510410/2020

SAUER, Sérgio; OLIVEIRA, Karla R. A. Extractivismo agrario en el Cerrado brasileño. In: Extractivismo

agrario en América Latina. São Paulo: Clacso, 2022.

SUPERTI, Eliane; PORTO, Jadson Luís Rebelo; MARTINS, Carmentilla das Chagas. Políticas Públicas

de Integração Física da Amazônia e a Fronteira Internacional do Amapá. Anais do I Circuito de Debates

Acadêmicos, Ipea, 2011.

SVAMPA, Maristella. Las fronteras del neoextractivismo en América Latina: conflictos socioambientales,

giro ecoterritorial y nuevas dependencias. Guadalajara: Calas, 2019.

USAID. Biodiversity Conservation: A Guide For Usaid Staff And Partners, 2005. http://pdf.usaid.gov/

df_docs/PNAE258.pdf/

UNEP IRP. Global Material Flows Database. 2024. https://unep-irp.fineprint.global/mfa?perPage=10&

orderBy=countryName&orderDir=asc

VERÍSSIMO, A. et al. Áreas Protegidas na Amazônia Brasileira: avanços e desafios. Belém/São Paulo:

Imazon e ISA, 2011.

WWF. Programa Arpa: conheça o arpa. Conheça o Arpa, 2015. https://www.wwf.org.

br/natureza_brasileira/areas_prioritarias/amazonia1/nossas_solucoes_na_amazonia/

areas_protegidas_na_amazonia/arpa/

Downloads

Publicado

05.09.2025