Concertação global do capital transnacional e o novo imperialismo:
um olhar sobre as geoestratégias ambientais na virada do milênio
Palavras-chave:
Amazônia, imperialismo, conservacionismo, financeirização, geoestratégias ambientaisResumo
Atualmente, a Amazônia brasileira se apresenta como uma das mais importantes
fontes de riqueza de uma economia mundial essencialmente
especulativa e em franco escasseamento progressivo de recursos. Dado
o contexto financeirizado e alicerçado na acumulação por despossessão
que marca o sistema capitalista já há algumas décadas, a região torna-se
cenário tanto da intensificação da exploração direta quanto da implementação
de um conservacionismo ambiental alinhado aos interesses imperialistas,
os quais compreendem também o processo de saque violento
do território. Neste artigo investigamos dois movimentos aparentemente
opostos, porém complementares, de captura de excedentes baseada na
acumulação por despossessão: a) a busca impetuosa – por meio de grandes
ONGs conservacionistas internacionais e de inúmeros acordos multilaterais
– pela conservação de recursos enquanto reservas biológicas de
valor futuro; e b) o recrudescimento da exploração intensiva e extensiva
da terra, dos recursos naturais, e, logo, do trabalho. Busca-se demonstrar
que, a partir dessa combinação, abre-se espaço, numa economia marcada
pela dependência como a nossa, para a investida irrefreada da concertação
transnacional em torno do agronegócio sobre a Amazônia, sobre os
direitos indígenas, quilombolas e campesinos, sobre as possibilidades de
preservação da vida e sobre a classe trabalhadora como um todo.
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