Entre o Mercado e a Revolução
Dois estudos de caso de empresas recuperadas pelos trabalhadores no Brasil – Flaskô e Usina Catende
Palavras-chave:
Autogestão, Economia Solidária, Fábrica Recuperada, Trabalho coletivoResumo
As políticas econômicas de talhe neoliberal, que se tornaram hegemônicas no final do século XX em grande parte da América Latina, levaram à falência muitas empresas que não puderam competir no novo contexto, o que redundou no surgimento do fenômeno da desindustrialização na estrutura produtiva de muitos países, promovendo o desemprego em massa e a degradação das condições de trabalho da classe trabalhadora. Em resposta a esse cenário, em busca de dignidade e sobrevivência, grupos de trabalhadores constituíram uma nova proposta de democratização das relações de trabalho: a recuperação da massa falida de empresas sob o controle operário. Esse fenômeno traz alicerçado em seu cerne a autogestão – apoiados em movimentos sociais, esses trabalhadores buscaram se organizar de forma contra-hegemônica, propondo formas alternativas de relação social de produção dentro do sistema capitalista, capazes de sobreviver às suas regras e encaminhar novas formas de relações com caráter emancipatório em suas comunidades. Este trabalho apresenta dois estudos de caso e um panorama das características do fenômeno das empresas recuperadas por trabalhadores, buscando observar o que elas sinalizam em termos de propriedade coletiva dos meios de produção, de democratização das relações de trabalho e como se relacionam com a sociedade.
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