Alienação, Fetichismo e Incerteza
Palavras-chave:
marxismo, antropologia econômica, valor socialResumo
A ênfase deste artigo recairá na reconstituição crítica da noção de fetiche da mercadoria formulada por Marx, que servirá como o parâmetro principal para se repensar a noção de fetichismo. De posse desta definição, que é bastante específica, retornaremos à ideia mais geral de fetiche, isto é, o processo social que incrusta valor e desperta a cobiça e o desejo humano por objetos. Toda sociedade baseada na dominação é fetichista: não apenas pelo caráter místico muito frequente em rituais e incrustrado em objetos, mas sobretudo pelo fato preliminar de pressupor a existência de uma esfera das ações sociais mais prestigiosas e mais elevadas do que as meras ações cotidianas
Referências
AGAMBEN, Giorgio. “Benjamin e o capitalismo”, Revista IHU Online, 2013. Disponível em http://www.ihu.unisinos.br/noticias/520057-benjamin-e-o-capitalismo-artigo-de-giorgio-agamben. Acesso
em: 18/03/2020.
BELLUZZO, Luiz Gonzaga de Mello. Valor e capitalismo. Campinas: Unicamp, 1998.
BENJAMIN, Walter. O capitalismo como religião. São Paulo: Boitempo, 2013.
BERLIN, Isaiah. Liberty. Oxford: Oxford U. Press, 2002.
BHASKAR, Roy A Realist Theory of Science. Londres: Routledge, 2008.
_____. Plato Etc. Londres: Routledge, 2010.
COMTE, Auguste. The Positive Philosophy,vol. 2. Nova York: Cambridge U. Press, 2009.
ENGELS, Friedrich. Anti-Dühring: a revolução da ciência segundo o senhor Eugen Dühring. São Paulo: Boitempo, 2015.
FEDERICI, Silvia. Calibã e a bruxa. São Paulo: Editora Elefante, 2017.
FLECK, Amaro. “O conceito de fetichismo na obra marxiana: uma tentativa de interpretação”, ethic@, vol. 11, n.1, pp. 141-158, 2012.
GRAEBER, David. “Manners, Deference and Private Property: The Generalization of Avoidance in Early Modern Europe”, Comparative Studies in Society and History, vol. 39, n. 4, 1997.
_____. Toward an Anthropological Theory of Value. Nova York: Palgrave, 2001.
_____. “Fetishism as social creativity: or, Fetishes are gods in the process of construction”, Anthropological Theory, n. 5, pp. 407-438, 2005.
_____. “Turning Modes of Production Inside Out: or, Why Capitalism is a Transformation of Slavery”, Critique of Anthropology, vol. 26, n. 1, pp. 61-85, 2006.
GRESPAN, Jorge. Marx e a crítica ao modo de representação capitalista. São Paulo: Boitempo, 2019.
IACONO, Alfonso M. Le fétichism: Histoire d’un concept. Paris: PUF, 1992.
LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos. São Paulo: Editora 34, 1994.
LÖWI, Michael “Introdução à Edição Brasileira”. In: MARX, Karl. Crítica do Programa de Gotha. São Paulo: Boitempo, 2012, pp 13-17.
MARX, Karl. Grundrisse. São Paulo: Boitempo, 2011.
_____. Crítica do Programa de Gotha. São Paulo: Boitempo, 2012.
_____. O capital, livro I. São Paulo: Boitempo, 2013.
NOZICK, Robert. Anarchy, State, and Utopia. Oxford: Blackwell, 1999.
PIETZ, William. “The Problem of the Fetish, I”, Anthropology and Aesthetics, n. 9, pp. 5-17, 1985.
_____. “The Problem of the Fetish, II”, Anthropology and Aesthetics, n. 9, pp. 23-45, 1987.
PIMENTA, Tomás Lima. “Alienation and fetishism in Karl Marx’s critique of political economy”, Nova Economia, vol. 30, n. 2, pp. 605-628, 2020.
ROBBINS, Lionell. An Essay on the Nature and Significance of Economic Science. Londres: Macmillan, 1932.
SAFATLE, Vladimir. Fetichismo: colonizar o outro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2020.
STALLYBRASS, Peter. O casaco de Marx: roupas, memória, dor. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.
VATTIMO, Gianni. A sociedade transparente. Lisboa: Relógio D’Água, 1992.
WALLERSTEIN, Immanuel. The Modern World-System I. Nova York: Academic Press, 1974.
_____ . “The Heritage of Sociology, The Promise of Social Science”. In: The End of the World as we Know It. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1999.