Estado e inovações:

o desenvolvimento verde na China

Autores

Resumo

Não é de hoje que questões concernentes ao desenvolvimento verde estão em pauta entre governantes e economistas. A questão ambiental está conectada de forma intrínseca a questões sociais, como a melhoria da qualidade de vida, educação e saúde. A China ainda é o país mais poluidor do mundo, responsável por aproximadamente 27% das emissões de gases de efeito estufa de todo o planeta. Por outro lado, nos anos recentes vem se tornando referência no que diz respeito à ecoinovação. Ocorre que, em seus estágios iniciais, a indústria verde dificilmente surgiria naturalmente através de forças de mercado, fazendo-se necessária uma participação ativa do Estado. O presente artigo consiste em uma revisão da literatura narrativa e de documentos, tendo como objetivo geral analisar o processo recente de inovação verde na China a partir do ano de 2011. Para isso, busca-se: compreender a definição de Estado empreendedor; entender o que seria uma revolução industrial verde e qual a importância do Estado nesse contexto; avaliar políticas e posicionamentos do governo chinês e observar de que modo se encaixam no conceito de Estado empreendedor verde. As principais conclusões aqui estabelecidas são que o governo chinês atua como um Estado empreendedor, de forma consciente e intencional, possuindo uma visão de que o desenvolvimento ocorre através de mudanças estruturais e da inovação e propondo-se a promover a modernização industrial a partir da inovação científica, orientar o fluxo de investimentos, talentos e tecnologia para as empresas, instigar a união estratégica de P&D e produção e gerar aumento da competitividade do núcleo industrial.

Biografia do Autor

Adria Freire, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Economia, área de Desenvolvimento Produtivo e Mudança Estrutural, da Universidade Federal Fluminense (UFF). Bolsista do Programa de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Ricardo Dathein, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PGE/UFRGS)

Doutor em Ciências Econômicas pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (IE-Unicamp). Professor do Programa de Pós-graduação em Economia da Universidade Federal do Rio  Grande do Sul (PGE/UFRGS).

Referências

BLOCK, Fred. “Swimming against the current: The rise of a hidden Developmental State in the United

States”, Politics & Society, v. 36, n. 2, 2008.

______. “Innovation and the invisible hand of government” in: BLOCK, Fred; KELLER, Matthew (eds.). State of Innovation: the US Government’s role in technology development. London: Paradigm Publishers, 2011.

CHINA. China 12th Five-Year Plan (2011-2015) for National Economic and Social Development. China’s National People’s Congress, 2011.

______. Xi Jinping (2015 - Xi Jinping). Work Together to Build a Win-Win, Equitable and Balanced Governance Mechanism on Climate Change. Speech by H.E. Xi Jinping President of the People’s Republic of China at the Opening Ceremony of The Paris Conference on Climate change. Paris, 2015. Disponível em: https://unfccc.int/sites/default/files/cop21cmp11_leaders_event_china.pdf. Acesso em:15/09/2021.

______. CHINA: 13th Five-Year Plan For Economic and Social Development of the People’s Republic of China (2016-2020). National Development and Reform Commission (NDRC), 2016.

______. Outline of the People’s Republic of China 14th Five-Year Plan for National Economic and Social Development and Long-Range Objectives for 2035. Xinhua News Agency, 2021.

COLE, M. A.; RAYNER, A. J.; BATES, J. M. “The environmental Kuznets curve: an empirical analysis. Environment and development economics”, JSTOR, v. 14, n. 4, pp. 401-416, 1997.

CUNHA, A. M. “A economia política do ‘milagre chinês’” in: Anais do XXXVI Encontro Nacional de Economia. Salvador: ANPEC, 2008 (1 CD-ROM)., 2008.

CUNHA, A. M.; FERRARI, A. “Xi Jinping e os Ricos” in: UFRGS/FCE. Porto Alegre, 2021. Disponível em: https://www.ufrgs.br/fce/xi-jinping-e-os-ricos/. Acesso em: 02/09/2021.

GIDDENS, Anthony. That politics of climate change. Cambridge (UK): Polity Press, 2009.

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Editora Atlas SA, 2008.

GOMES, M. F.; SILVA, L. E. G. Brics: “Desafios do desenvolvimento econômico e sócio-ambiental”. Brasília: Revista de Direito Internacional, v. 14, n. 1, pp. 342-357, Brasília, 2017.

HU, A. et alii. China: Innovative Green Development. Heidelberg: Springer, 2014.

JOSHUA, J. China’s Economic Growth: Towards Sustainable Economic Development and Social Justice: Volume II: The Impact of Economic Policies on the Quality of Life. Londres: Palgrave Macmillan, 2017.

KAIKA, D.; ZERVAS, E. “The environmental Kuznets curve (ekc) theory - part a: Concept, causes and the CO2 emissions case”, Energy Policy, v. 62, pp. 1.392-1.402, Elsevier, 2013.

KEMP, R.; PEARSON, P. “Final report mei project about measuring eco-innovation”, UM Merit, Maastricht, v. 10, n. 2, 2007.

MANZI, R. H. D.; VIOLA, E. “A desaceleração da economia da China e a transição para um ‘novo normal’ no século 21”, Carta Internacional, v. 15, n. 2, 2020.

MATHEWS, J. “Os BRICS e o desenvolvimento verde: como a China está forjando um novo modelo de desenvolvimento verde que o Brasil, a Índia e outros já estão copiando”, Desenvolvimento em Debate, v. 2, n. 1, pp. 33-63, 2011.

MAZZUCATO, M. O Estado empreendedor: desmascarando o mito do setor público vs. Setor privado. São Paulo: Portfolio-Penguin, 2014.

MAZZUCATO, M. et alii. “The green entrepreneurial state” in: SCOONES, I.; LEACH, M.; NEWELL, P. The politics of green transformations. Londres: Routledge, 2015, pp. 134-152.

PANAYOTOU, T.; PETERSON, A.; SACHS, J. D. “Is the environmental Kuznets curve driven by structural change? What extended time series may imply for developing countries”. CAER II Discussion Paper n. 80. Harvard Institute for International Development, ago. 2000.

POPP, D. “Innovation and climate policy” Annual Review of Resource Economics, Annual Reviews, v. 2, n. 1, pp. 275-298, 2010.

PORTER, M.; LINDE, C. van der. “Green and competitive: ending the stale mate”, The Dynamics of the eco-efficient economy: environmental regulation and competitive advantage, v. 33, 1995.

REPORT: China emissions exceed all developed nations combined. BBC, 07/05/2021. Disponível em: https://www.bbc.com/news/world-asia-57018837. Acesso em: 20/09/2021.

ROBERTS, J. Timmons; PARKS, Bradley. A climate of injustice: Global inequality, north-south politics, and climate policy. Cambridge, Massachusetts: MIT Press, 2006.

SCHUMPETER, J. A. Capitalismo, socialismo e democracia. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1961.

SUN, Z. “Technology innovation and entrepreneurial state: the development of china’s high-speed rail industry”, Technology Analysis & Strategic Management, v. 27, n. 6, pp. 646-659, Taylor & Francis, 2015.

TATSCH, A. L. “Processos de aprendizado e capacidades no nível das firmas” in: RAPINI, M. S.; RUFFONI, J.; SILVA, L. A.; ALBUQUERQUE, E. M. Economia da ciência, tecnologia e inovação: fundamentos teóricos e a economia global. Belo Horizonte: FACE/Cedeplar-UFMG, 2021.

UNDATA. Energy Statistics Database. 2021. Disponível em: http://data.un.org/Data.aspx?d=EDATA&f=cmID%3aES. Acesso em: 02/06/2021.

WANG, Q. et alii. “Green technology innovation development in China in 1990-2015”. Science of the Total Environment, v. 696, p. 1, Elsevier, 2019.

WEBER, Isabella M.; SEMIENIUK, Gregor; WESTLAND, Tom; LIANG, Junshang. “What you exported matters: persistence in productive capabilities across two eras of globalization”, Rebuilding Macroeconomics Working Paper Series, n. 41. Londres National Institute of economic and Social Research, 11/02/2021.

WORLD BANK. World Development Indicators database. 2021. Disponível em: https://databank.worldbank.org/source/world-development-indicators. Acesso em: 20/09/2021.

YU, T. F.-L. et alii. “Entrepreneurial state: the role of government in the economic development of the Asian newly industrialising economies”, Development Policy Review, v. 15, n. 1, pp. 47-64, Overseas Development Institute, 1997.

YU, T. F.-L. “Towards a theory of the entrepreneurial state” International Journal of Social Economics, v. 28, n. 9, pp. 752-765, MCB UP Ltd, 2001.

Downloads

Publicado

29.08.2022