Relativismo, certeza e conformismo:
para uma crítica das filosofias da perenidade do capital
Palavras-chave:
Ontologia social, Crítica social, Ciência instrumental, Positivismo, pós-modernismoResumo
O artigo discute a paradoxal atmosfera de ceticismo e certeza criada pelas concepções, hoje hegemônicas, que informam as práticas teóricas, política, social, cultural etc. Ceticismo que imprugna a priori a possibilidade de cogitarmos e lutarmos por outro mundo social, e que tem por pressuposto necessário a certeza que a sociabilidade posta pelo capital é eterna, porque insuperável. Embora a explicação para tal incongruência tenha de ser buscada na própria ordem social, o artigo procura mostrar que a continuada interdição da ontologia na filosofia e, em particular, na filosofia da ciência, contribui decisivamente na fundamentação desse ambiente teórico: primeiro, porque reduz a ciência a mero instrumento da prática imediata; segundo, e por isso mesmo, porque nega ou negligencia a objetividade do conhecimento produzido pela ciência. O artigo sumaria a história dessa longa interdição da ontologia, desde sua negação direta e sumária por parte da tradição positivista até a sua negação oblíqua e indireta por autores e correntes tidos como críticos do positivismo, como, por exemplo, Kuhn e Lakatos. Com isso, pode mostrar que a tradição positivista e seus supostos críticos, os relativistas contemporâneos, compartilham uma mesma concepção de ciência: ciência como instrumento da prática imediata. Ciência que, sob essa perspectiva, não pode nem deve indagar o conteúdo da sociedade da qual é mero instrumento. Contra essas concepções filosóficas anti-ontológicas, adequadas para a natureza “perene” do capital, o artigo defende que todas as questões fundamentais para a humanidade são no fundo questões ontológicas, que todos os embates cruciais são de fato embates em torno de ontologias. Por isso, conclui, a reafirmação da ontologia é condição indispensável para a teoria social afirmar seu caráter crítico.
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