O tradicional, o moderno e o desenvolvimentismo: o Brasil segundo Raymundo Faoro e Gilberto Freyre

Autores

  • Pedro Perfeito Da Silva Universidade Federal do Rio Grande do Sul
  • Fernando Dall'Onder Sebben Senado Federal

Palavras-chave:

Desenvolvimentismo, Gilberto Freyre, Modernização, Raymundo Faoro, Brasil.

Resumo

O artigo compara as contribuições de Raymundo Faoro e Gilberto Freyre no que tange à avaliação do processo brasileiro de modernização, entendido enquanto transição de uma sociedade mais próxima do tipo tradicional a uma que tende ao moderno, bem como as contrapõe acerca do papel desempenhado pelas políticas desenvolvimentistas, a partir de 1930. Para Faoro, as mudanças ocorridas não alteram o caráter tradicional dessa sociedade, assentada no patrimonialismo; já para Freyre, os resquícios tradicionais não impedem a modernização. Quanto ao desenvolvimentismo, o primeiro rechaça o sentido modernizante dos três atributos do conceito, associando-os à sociedade tradicional.  O segundo, por sua vez, reconhece o papel modernizante das políticas desenvolvimentistas, mas questiona o caráter nacionalista destas, dado que vê na modernização um valor imposto de fora para dentro pelo capitalismo estrangeiro.

Biografia do Autor

Pedro Perfeito Da Silva, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Doutorando em Economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Referências

AGUIRRE, B. SADDI, F. “Uma alternativa de interpretação do II PND”. Revista de Economia Política, v. 17, n. 4 (68), p. 78-98, 1997.

BENDIX, R. “Tradition and modernity reconsidered”. Comparative Studies in Society and History, v. 9, n. 3, p. 292-346.

BRAUDEL, F. A dinâmica do capitalismo. Lisboa: Teorema, 1985.

BRUHNS, H. “O conceito de patrimonialismo e suas interpretações contemporâneas”. Revista Estudos Políticos, n. 4. p. 61-77. 2012.

CHANG, H. “The economic theory of the developmental state”. In: WOOCUMINGS,

M. (Org.) The Developmental State. Ithaca: Cornell University Press, 1999.

COHN, G. “Apresentação”. In: WEBER, M. Max Weber: sociologia. 7. ed. São Paulo: Ática, 1999. p. 7-31.

CONCEIÇÃO, O. “O conceito de instituição nas modernas abordagens institucionalistas”. Revista de Economia Contemporânea, Rio de Janeiro, v. 6, n.2, p. 119-146, 2002.

DURKHEM, E. As regras do método sociológico. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1972.

FAORO, R. Os Donos do Poder: formação do patronato político brasileiro. 7. ed. Porto Alegre, Globo, 1987, 2v.

FERNANDES, F. A Revolução Burguesa no Brasil. São Paulo, Zahar, 1981.

FONSECA, F. C. D. “Gênese e precursores do desenvolvimentismo no Brasil”. Revista Pesquisa & Debate, v. 15, n. 2 (26), p. 225-256, 2004.

FONSECA, P. C. D. “Desenvolvimentismo: a construção do conceito”. In: CALIXTRE, A. BIANCARELLI, A. CINTRA, M. Presente e futuro do desenvolvimento brasileiro. Brasília: IPEA, 2014

FREYRE, G. Casa-grande & Senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. 43. ed. São Paulo: Global, 2003.

FREYRE, G. Ordem e Progresso: o processo de desintegração das sociedades patriarcal e semipatriarcal no Brasil sob o regime de trabalho livre: aspectos de um quase meio século de transição do trabalho escravo para o trabalho livre; e da monarquia para a república. 6. ed. São Paulo: Global, 2004.

FREYRE, G. Sobrados e Mucambos: decadência do patriarcado rural e desenvolvimento do urbano. 16. ed. São Paulo: Global, 2006.

FURTADO, C. Teoria e política do desenvolvimento econômico. São Paulo: Abril Cultural, 1983.

HIRSCHMAN, A. A economia como ciência moral e política. São Paulo: Brasiliense, 1986.

HOSELITZ, B. “Les principaux concepts de l’analyse des répercussions sociales de l’evolution technique”. In: HOSELITZ, B; MOORE, B. Industrialisation et société. Paris: Mouton, 1968. p. 9-28.

HUNTINGTON, S. The change to change: modernization, development and politics. Comparative Politics. v. 3, n. 3, 1971. p. 283-322.

HUNTINGTON, S. A ordem políticas nas sociedades em mudança. São Paulo: Editora da USP, 1975.

LEAL, V. N. Coronelismo, enxada e voto: o município e o regime representativo no Brasil. 5. ed. São Paulo: Alfa-Ômega, 1978.

PARSONS, T. Sociedades: perspectivas evolutivas e comparativas. São Paulo: Livraria Pioneira, 1969.

PARSONS, T. O sistema das sociedades modernas. São Paulo: Livraria Pioneira, 1974.

ROSTOW, W. As etapas do desenvolvimento econômico: um manifesto não-comunista. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.

SARTORI, G. Concept misformation in comparative politics. American political science review, n. 64, p. 1.033-1.053, 1970.

SARTORI, G. Guidelines for concept analysis. In: SARTORI, G. (Ed.). Social science concepts: a systematic analysis. Beverly Hills: Sage, 1984.

SCHWARTZMAN, S. Bases do Autoritarismo Brasileiro. Rio de Janeiro: Campus, 1988.

TONNIES, F. Comunidad y Association. Barcelona: Península, 1979.

WEBER, M. História econômica geral. São Paulo: Mestre Jou, 1968

WEBER, M. Classe, estamento e partido. In: WEBER, M. Ensaios de sociologia: e outros escritos. São Paulo: Abril Cultural, 1974. p. 211-228.

WEBER, M. Os três tipos puros de dominação legítima. In: WEBER, M. Max Weber: sociologia. 7. ed. São Paulo: Ática, 1999. p. 128-141.

WEBER, M. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. 4. ed. Brasília : Ed. da UnB, 2004. 2 v.

WOOD, E. A origem do capitalismo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.

Downloads

Publicado

01.05.2018