Quando o dom se torna mercadoria fictícia:

uma análise da mercadorização da Amazônia à luz de Polanyi e Francisco

Resumo

Este artigo analisa a mercadorização da Amazônia a partir da articulação
entre os pensamentos de Karl Polanyi e do Papa Francisco. Embora
oriundos de tradições distintas — Polanyi, da crítica ao mercado autorregulado;
Francisco, da Doutrina Social da Igreja — ambos convergem
na denúncia da mercantilização da vida e na defesa de limites éticos e
ecológicos à lógica capitalista. A partir do conceito de mercadoria fictícia
e dos documentos Laudato Si’, Fratelli Tutti, Laudate Deum e Querida
Amazônia, discute-se como a floresta, seus povos e seus recursos são tratados
como mercadorias. O texto identifica, na economia de Francisco,
um contramovimento contemporâneo que propõe uma economia centrada
no bem comum, na justiça social e na ecologia integral, como alternativa
à lógica de exploração e financeirização dos bens comuns.