Utilitarismo e Teoria Neoclássica: uma reflexão sobre a natureza ideológica da ciência econômica

Autores/as

  • Marco Dantas da Rocha UFMG

Resumen

Este trabalho visa discutir a natureza ideológica da teoria econômica neoclássica. Para tanto, em primeiro lugar, examina-se a noção de ideologia, bem como a questão da neutralidade ideológica e sua possível vinculação a uma visão de mundo conservadora. Em seguida, apresenta-se o utilitarismo como um dos candidatos a elemento ideológico da economia neoclássica, além de algumas de suas potenciais implicações teóricas e práticas. Por fim, são expostos e comentados argumentos em defesa da racionalidade que sustenta o edifício teórico neoclássico e são exploradas, dentro das limitações existentes, questões que poderiam surgir a partir das reflexões apresentadas.

Palavras-chave: Ideologia; economia neoclássica; utilitarismo; utilidade; racionalidade.

Citas

ARENDT, Hannah. Que é liberdade? In: Entre o passado e o futuro. São Paulo: Perspectiva, 2014.

ARIDA, Pérsio. A história do pensamento econômico como teoria e retórica. Texto para discussão, 1983.

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. In: Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1973.

ATTALI, Jacques; GUILLAUME, Marc. A Antieconomia: uma crítica à teoria econômica. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.

BACHRACH, Peter; BARATZ, Morton S. Decisions and nondecisions: An analytical framework. American political science review, v. 57, n. 3, p. 632-642, 1963.

BANFIELD, Thomas Charles. Four Lectures on the Organization of Industry: Being Part of a Course Delivered in the University of Cambridge in Easter Term 1844. R. and JE Taylor, 1845.

BECKER, Gary S. The economic approach to human behavior. Chicago: University of Chicago Press, 1976.

BENJAMIN, Walter. O capitalismo como religião. São Paulo: Boitempo, 2013.

BIAS, Peter V.; SMITH, Patrick L.; JANSSON, Hanna. In Defense of the Rationality Assumption. In: Conference Paper, July. 2012, p. 1-16.

BLOCH, Harry. The language of pluralism from the history of the theory of price determination: Natural price, equilibrium price and administered price. Metroeconomica, 2022.

BOLAND, Lawrence A. On the futility of criticizing the neoclassical maximization hypothesis. The American Economic Review, v. 71, n. 5, p. 1031-1036, 1981.

BOURDIEU, Pierre. O neoliberalismo, utopia (em vias de realização) de uma exploração sem limites. In: Contrafogos, táticas para enfrentar a invasão neoliberal. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.

FINLAYSON, Alan Christopher et al. The “Invisible hand”: neoclassical economics and the ordering of Society. Critical Sociology, v. 31, n. 4, p. 515-536, 2005.

FOLEY, Duncan K. Rationality and ideology in economics. Social Research, p. 1-10, 2004.

FOUCAULT, Michel. Nascimento da biopolítica: curso dado no Collège de France (1978-1979). São Paulo: Martins Fontes, 2008.

GALBRAITH, John Kenneth et al. Power and the useful economist. American Economic Review, v. 63,n. 1, p. 1-11, 1973.

HOBSON, John Atkinson. Imperialism: A Study. New York: Cosimo, 2005.

HOSSEINI, Hamid. The Archaic, the Obsolete and the Mythical in Neoclassical Economics: Problems with the Rationality and Optimizing Assumptions of the Jevons-Marshallian System. American Journal of Economics and Sociology, v. 49, n. 1, p. 81-92, 1990.

JEVONS, William Stanley. A teoria da economia política. São Paulo: Nova Cultural, 1988, 3.ª edição.

KEITA, Lansana. Neoclassical economics: science or ideology?. Quest: An International African Journal of Philosophy, v. 7, n. 1, p. 57-77, 1993.

______. Neoclassical Economics and the Last Dogma of Positivism: Is the Normative-Positive Distinction Justified?. Metaphilosophy, v. 28, n. 1-2, p. 81-101, 1997.

LAKATOS, Imre. Science and pseudoscience. In: CURD, Martin; COVER, Jan A. Philosophy of science: The central issues. WW Norton & Company, 1998, p. 20-26.

LAVAL, Christian. Foucault, Bourdieu e a Questão Neoliberal. São Paulo: Editora Elefante, 2020.

LISBOA, Marcos de Barros. A miséria da crítica heterodoxa: primeira parte: sobre as críticas. Revista de Economia Contemporânea, v. 1, n. 2, p. 5-64, 1997.

MANNHEIM, Karl. Ideology and utopia. London and Henley: Routledge, 1998.

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã: crítica da mais recente filosofia alemã em seus representantes Feuerbach, B. Bauer e Stirner, e do socialismo alemão em seus diferentes profetas. São Paulo: Boitempo, 2007.

MERQUIOR, José Guilherme. Guerra ao homo oeconomicus. Revista do Serviço Público, v. 39, n. 4, p. 23-31, 1982.

MÉSZÁROS, István. O poder da ideologia. São Paulo: Boitempo, 2012.

MYRDAL, Gunnar. The political element in the development of economic theory. London and New York: Taylor & Francis, 1990.

POLANYI, K. A grande transformação: as origens de nossa época. Rio de Janeiro: Elsevier, 2000, 2.ª edição.

ROBINSON, Joan. Economic philosophy. London and New York: Routledge, 2021.

ROTHSCHILD, Kurt W. Economic imperialism. Analyse & Kritik, v. 30, n. 2, p. 723-733, 2008.

RUBIN, Isaak Ilich. História do Pensamento Econômico. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 2014.

SCHUMPETER, Joseph A. Science and ideology. In: HAUSMAN, Daniel M. (Ed.). The philosophy of economics: An anthology. Cambridge: Cambridge University Press, 2008.

SCREPANTI, Ernesto; ZAMAGNI, Stefano. An outline of the history of economic thought. Oxford: OUP Oxford, 2005.

SMITH, Adam. A riqueza das nações: investigação sobre sua natureza e suas causas. Tradução de Luiz João Baraúna. São Paulo: Nova Cultural, 1996.

URBINA, Dante A.; RUIZ-VILLAVERDE, Alberto. A critical review of homo economicus from five approaches. American Journal of Economics and Sociology, v. 78, n. 1, p. 63-93, 2019.

WACQUANT, Loïc. Three steps to a historical anthropology of actually existing neoliberalism. Social anthropology, v. 20, n. 1, p. 66-79, 2012.

WEINTRAUB, E. Roy. Appraising general equilibrium analysis. Economics & Philosophy, v. 1, n. 1, p. 23-37, 1985.

Publicado

2023-04-27