Limites da alternativa endógena na Venezuela bolivariana (1999-2013)
Resumo
O propósito deste artigo é analisar como se articularam as condições objetivas de produção sob o mecanismo de desenvolvimento endógeno proposto pela presidência de Hugo Rafael Chávez Frias e o padrão de reprodução predominante no processo de valorização do capital estabelecido como resultado da última crise estrutural. Financiada pela renda petroleira, a estratégia bolivariana de desenvolvimento das forças produtivas mediante elevação da mais valia relativa na base da acumulação experimentou, na ocasião da fase expansiva do ciclo de preços do barril de petróleo (2004-2011), um relevante fôlego produtivo denominado industrialización soberana. Contudo, assumindo como eixo condutor da análise as condições de subordinação do trabalho no país caribenho, constatamos neste processo indícios de deterioração dos níveis de produtividade junto à atividade industrial e de violação do valor da força de trabalho, combinados à intensificação do engajamento econômico exportador em setores de baixo valor agregado. Deste cenário, depreendemos a agudização da crescente especialização produtiva a que a Venezuela está submetida desde o esgotamento do padrão industrial integrado ao capital estrangeiro, fenômeno ininterrompido a despeito das transformações de ordem político-institucional consolidadas pelos bolivarianos.
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